quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Será meu último CD?


No texto “LPs ocupam mais espaço”, publicado aqui em 7 de janeiro, escrevi que não iria mais adquirir CDs. Continuo com a mesma opinião. Mas uns dois meses antes de escrevê-lo, comecei a comprar uma coleção de 20 CDs de clássicos do jazz da Folha. Não quis interromper. Cada domingo um artista interessante, uma capa dura em papel e um livreto com biografia, fotos e glossário musical. Não bastasse esses atrativos, um mimo que me conquistou: o biscoitinho é preto e copia um vinil.
Somente um ou dois domingos comprei na data certa, na data de lançamento. Em todas as outras ocasiões, arrematava um pequeno lote atrasado de dois ou três números perdidos. O último número, Lee Morgan, comprei na terça, dia 19. O cara é um trompetista fenomenal, cheio de suingue. Faz um soul-jazz bem dançante e classudo. Conhecia o hit “The sidewinder”, já a alguns anos, mas nunca tive nada dele em casa, a não ser em MP3.
Uma coincidência me incentivou a escrever sobre ele hoje. Morreu no dia 19 de fevereiro de 1972, ou seja, finalizei a coleção exatos 36 anos depois da sua morte. Ouvi logo que cheguei em casa, mas só li o livreto hoje e descobri a data. Foi assassinado pela própria mulher. Sabe como é, né? Muita heroína, mulheres, Nova Iorque e, após uma apresentação, uma discussão envolvendo ciúme terminou em um tiro no seu coração. Ele já não se drogava, e a mulher ajudou-o a largar da heroína. Mas já possuía um novo relacionamento amoroso, daí a provável discussão e causa do assassinato, segundo o livreto.
Não podia deixar passar. E, de qualquer forma, adorei o CD. Vale comentá-lo e me contradizer com o post que dizia que CDs não têm mais graça. Até tirei uma foto da capa, do CD imitando vinil e da tampinha da cerveja chamada Devassa que tomava enquanto o escutava em um boogaloo delicioso chamado “The rumproller”. O biscoitinho da foto é do Ornette Coleman, já que eu ouvia o Lee Morgan e o sol ia embora apressando a luz natural da foto. Vou deixar assim mesmo. Amanhã até poderia consertar a foto, mas não quero perder o espírito.

Meu gato gosta de jazz. Ele costuma dar uma pequena desfilada quando escuta. Faz um charme meio nova iorquino, apesar de ser branco e não consumir heroína. Depois deita perto de mim ou da caixa de som e fica pensando. Mas ele ainda não ouviu Lee Morgan. Vou procurar vinis do Miles Davis para ouvirmos juntos.



2 comentários:

Thais disse...

Olha só, o negócio é bonitinho mesmo, hein!!! Pena que só comecei a ler jornal agora - a faculdade me obriga!

Bjs!

Deh disse...

Q bonnitinho!
Realmente bem pensado.

Ai, q coincidência meio sinistra, né?!
E como dizem, não existe nada pior q uma mulher traída!

kisses.