domingo, 8 de junho de 2008

A Virada


A 4 ª Virada Cultural (2008) ocorreu nos dias 26 e 27 de abril. Exatas 24 horas de programação cultural intensa pela cidade, das 6 da tarde do sábado às 6 da tarde do domingo. Final de semana lindo, com muito sol. A cidade se transformou, estava irreconhecível. Ótimas vibrações no ar. Eu sei que já faz tempo, mas esse também era um tema congelado, conforme o post "a volta".

Só não lembro de ter ido na primeira virada, mas nas outras eu conferi alguma coisa. Em 2006 fomos à Pça. Roosevelt no Mercado Mundo Mix ver umas discotecagens ao ar livre e descemos para o Cine Olido para ver um clássico dos Trash Movies chamado “Vampyros Lesbos” com sessão esgotadíssima. Conseguimos um ingresso por muita sorte. Simplesmente uma mulher passou por nós e falou “vocês querem ingressos?”. O meu rabo estava apontado para a lua. A sessão começava à meia noite.

Em 2007 só fomos na discotecagem de Dub da trupe do “Dubversão”. É uma discotecagem de rua, com caixas de som que formam uma muralha e ninguém consegue ficar sem vontade de balançar os quadris. Você sente as batidas do baixo no ventre. O dub é jamaicano, surgiu nos anos 60 e normalmente é uma versão remixada de algum reggae, só que com efeitos psicodélicos (efeitos de delay e reverb), sempre dando ênfase ao baixo e bateria. Graves poderosos, poucos vocais e um suingue de arrepiar. Toda sexta o pessoal do dub faz uma festa chamada “Java” no Clube Hole na rua Augusta. Vale conferir. Muito alto astral e boas vibrações.

Nesse ano, a discotecagem do “Dubversão” foi adiada em cima da hora e mudei alguns planos para a noite de sábado. Nesse ano me preparei para ir a muitos eventos independentes e fugir dos principais. Alguns reclamam dos lugares muito cheios na virada, mas mesmo assim vão aos maiores shows. Vão encontrar muita gente mesmo e o desconforto é nítido.

Na Virada, gosto de ver a cidade agitada e cheia de gente que, normalmente, não passaria naqueles buracos do centro. Eu sempre adorei a região e nunca tive medo de lá, então vê-lo alegre e movimentado em pleno fim de semana é sonhar acordado. Assistir música no meio daqueles prédios antigos é muito bom. É como um cenário pronto.

Muito bom também é encontrar os amigos. Você vai andando de um palco para o outro e todos vão surgindo, brotando pelos calçadões. Dá a impressão que ninguém ficou em casa. Se bem que também conheço gente que não foi. Os motivos para tal são péssimos. Programação para todos os gostos tinha. Mas tem gente que só gosta de shopping, precisa de uma redoma para passear, não consegue conviver com muita gente por perto sem ter seguranças de preto com rádio comunicadores. O centro da cidade parece uma selva para eles.

Comecei por assistir o Mundo Livre S/A no Pátio do Colégio no chamado “Palco Festivais Independentes”. Foi o 1° show deles que não gostei, e olha que já assisti muitos. As guitarras estavam mais altas que os outros instrumentos e parecia heavy metal. Emendei no “Palco Pista das Casas (Noite viva)”, na Rua Quintino Bocaiúva, lugar que os melhores clubes de São Paulo colocaram Djs e músicos (juntos ou não) para uma discotecagem de rua. Cada casa tinha mais ou menos uma hora de apresentação. Vi o trombonista Bocato tocando com um Dj representar o “Grazie a dio” da Vila Madalena. Bem dançante a mistura dos dois. Depois o xilofone de Guga Stroeter (da banda Heartbreakers), um pianista, uma cantora de voz linda e um Dj com uma batida trip hop (ou downtempo para outros) cheio de jazz e música brasileira. Uma delícia. Representavam o “Geni” casa de jazz eletrônico da rua Bela Cintra. Os prédios do centro lindos e iluminados faziam um cenário romântico para a apresentação. E, antes de ir embora, o “Studio SP”, casa que acabou de se mudar da Vila Madalena para a rua Augusta, trouxe o Dj Daniel Ganjaman, do coletivo Instituto, para tocar umas pedradas jamaicanas modernas. Estilos como raggamuffin, dancehall, dub, deixou todo mundo pulando e sorrindo. Para encontrar mais amigos e ver a cidade pegando fogo fomos para o bar do Estadão bater uma xepa e nos recolhermos para o domingo que continuava virado.

Café da manhã com Cachorro Grande na Praça da República no “Palco Rock República”. Estava ótimo, apesar de fugir de grandes shows da virada. Parecia um festival de rock. Som alto, gente deitada no chão, chapada, bêbada, ou dançando, pulando e alguns simplesmente assistindo e cantando. Terminaram o show com “My genereation” do The Who. Fomos tomar umas e outras num bar gay da avenida Vieira de Carvalho chamado Café Vermont antes de decidir qual o próximo palco. Lá, eu sempre experimentava drinques clássicos feitos por um bartender muito bom. Juntávamos uma turma e bebíamos Dry Martini, Gin Fizz, Bloody Mary e Cosmopolitan. Mas não sobrou ninguém daquela época para atender e uma simples fatia de limão para colocar na garrafa da cerveja Sol mexicana foi um martírio. O rapaz da cozinha não teve brinquedos pedagógicos quando criança e nunca cortava a fatia no tamanho certo do gargalo.

Já era certeza que terminaríamos a Virada por onde começamos. Mas antes de voltar para o palco dos independentes, passamos pelo “Palco São João”, o local mais popular e cheio da virada, para tentar assistir a “Qrquestra Imperial”. Foi difícil. Já com o rabo cheio de cerveja, tínhamos que usar os banheiros químicos. Química era a reação que eu tinha quando entrava em algum deles. Só entrava em algum deles quando estava muito apertado e, num desses desesperos, encarei no mesmo espaço, vômito para todos os lados, fezes boiando e urina no chão. Tive de me concentrar em algo que não me fizesse vomitar. Só fiquei pensando em coisas azuis. É estranho, mas o azul em acalmou e não sujei mais ainda o vaso. O maior assédio de gente chata, mendigos e nóias também aconteceram nesse palco. Comprovado que locais com os maiores shows são péssimos.

Aliás, a Virada cada vez melhora mais, seja em números de atrações e qualidade da aparelhagem à disposição dos artistas, mas também na infra estrutura. Somente os banheiros químicos arranharam a festa.

Almocinho num boteco qualquer da Praça da Sé e já chegamos com os “Superguidis” no palco. Rock vigoroso e divertido do Rio Grande do Sul. Mais amigos por ali e a turma ficou maior. No show do “MQN” (foto) a diversão ficou maior. Guerra de cerveja do palco para a platéia e vice versa. Amplificador queimado logo no começo do show provava a barulheira que estava por vir. Delícia. Eles fazem o que se classifica como “stoner rock”, ou “rock chapado”. Guitarras pesadas mas sem serem nerds ou crianças tocando heavy metal. As letras falam de drogas, álcool ou carros em alta velocidade por estradas escuras.

Para encerrar, “Siba e Fuloresta” (com “u” mesmo) com muito maracatu e ritmos pernambucanos. Siba era vocalista da banda Mestre Ambrósio. Festa total em frente ao Páteo do Colégio. Já tinha anoitecido e não se via ninguém parado. Parecia carnaval em Olinda. Maravilha! Fui para casa feliz e inpsirado.

6 comentários:

Deh disse...

* Área reservada para um comentário interessante *

Zúnica disse...

Rapaz, eu fui vre o Daniel Daiben e o Thunderbird. Achei que ele fosse tocar com o Devotos, mas valeu a pena mesmo assim. Tentei chegar no sesc pra assitir Senhora dos afogados, me fodi. Tentei alcançar 120 Dias de Sodoma, esgotado também. Mas valeu a pena.

Foi a primeira Virada de que pude participar como espectador. Trabalhar em Secretaria de Cultura é uma merda por causa disso. Tá todo mundo curindo, vc tá camelando. Mas as anteriores foram interessante pra mim, apesar de ter qeu recolher garrafas e bêbados e interrompre casais tentando transar no banheiro da Casa das Rosas.

Deh disse...

*Utilizando o espaço reservado*

Adoro as Viradas Culturais. Confesso q nunca participei tão ativamente como vc esta descrevendo a sua, mas um dia ainda farei isso.

A não ser o banheiro químico, prefiro pular essa parte.

^^

Kisses

Unknown disse...

Marcelo, não consegui abrir o link que me passou.
:/

Comentário, útil, sobre o seu texto vou ficar devendo. Eu não participei da Virada por questões de kms. :)

eu disse...

Marcelooo, quero abater parte do meu débito nos eventos passados rs

a partir de segunda tô de férias!!
Bjo

eu disse...

Marcelooo, quero abater parte do meu débito nos eventos passados rs

a partir de segunda tô de férias!!
Bjo