domingo, 12 de outubro de 2008

Bilhete


Faz dez dias que estou sem internet em casa. Atualizo esse post direto de uma lan house mal cheirosa, barulhenta e desconfortável. Servirá apenas como um bilhete, pelo visto. Não quero ficar aqui nem meia hora. Gente estranha, mal educada e meio perturbada por perto.
Ficar off line nesse perído foi ótimo. Aprendi a organizar meu tempo na internet, respirar mais coisas reais, ver os amigos, sentir a vida pelo vento - e não por bytes. Fiquei com saudade dos blogs que lia rotineiramente e de atualizar o meu. Mas nem isso foi motivo para me conectar. Logo voltarei à carga. No final deste bilhete colocarei a letra de uma música que talvez relacione o que eu penso e reflito sobre a internet. Ao lado de tantas vantagens e benefícios, um certo espírito mentiroso paira sempre no mundo on line.
Eu fiquei sem água também nesse período. Três dias de banho de canequinha. E olha que fez frio, viu? A SABESP veio modernizar as instalações da rua e voltei pro século 19. Foi divetido - agora visto de longe. Cozinhei menos e lavei menos louça.
Todas essa privações foram acompanhadas da greve da minha categoria. Nada de ficar em casa. Sou delegado sindical e tenho que ficar na rua engrossando o movimento, fazendo piquete bem cedinho. Mas eu gosto de piquetar, mesmo que esteja frio. Estou exausto. Meu rosto queimado de sol parecendo que cortei cana na roça.
Está tudo bem. Adoro me sentir cansado e ocupado. É sério! Falo muito do ócio criativo, mas sempre intercalado com trabalho, que fique claro.
Deixo uma letra do Moreno Veloso - filho do Caetano com o o mesmo sobrenome - para dar um exemplo do que penso sobre internautas. Ele faz parte de um trio que não tem nome, junto com Kassin e Domênico. Quando lançam disco o nome do artista fica assim: Moreno + 2, Domênico + 2 e Kassin + 2. Isto quer dizer que o disco tem composições do músico em questão, mas o trio permanece o mesmo. Esse trio me inspirou um passeio pelo centro de São Paulo e logo colocarei um post sobre esse dia. Aguardem! O disco do Moreno chama "Máquina de fazer música". Essa música também fez parte do repertório da ex-banda do Moreno chama "Mulheres que dizem sim". E uma banda aqui de São Paulo - o Banzé - regravou também. Com o Moreno virou uma bossinha só no violão.
Ô bilhete longo!
A foto feita por mim e tem mais de 3 anos: um fio de modem no assoalho.

"Eu sou melhor que você"
(Moreno Veloso)

Todo mundo acha que pode, acha que é pop, acha que é poeta.
Todo mundo tem razão e vence sempre na hora certa.
Todo mundo prova sempre pra si mesmo que não há derrota.
Todo homem tem voz grossa e tem pau grande,
E é maior do que o meu, do que o seu, do que o do Pedro Sá
Todo mundo é referência e se compara só pra ver que é melhor.
Todo mundo é mais bonito do que eu mas eu sou mais que todos.
Todo mundo tem suingue, é feliz, é forte e sabe sambar.
Todos querem mas não podem admitir a coexistência do orgulho e do amor porque:
Eu sou melhor que você, Boa viagem.
Eu sou melhor que você mas por favor fique comigo que eu não tenho mais ninguém
Todo mundo diz que sabe e quando diz que não sabe é porque,
é charmoso não saber algo que todas as pessoas já sabem como é.
Todo mundo é especial, é original, é o que todos queriam ser.
Não basta ser inteligente, tem que ser mais do que o outro pra ele te reconhecer.
Todo mundo ganha grana pra dizer que ela não vale nada.
Todo mundo diz que é contra a violência e sempre dá porrada.
Todos querem se apaixonar sem se arriscar, nem se expor e nem sofrer.
Todas querem vida fácil sem ser puta e com reputação,
Se reprimem e começam a dizer:
Eu sou melhor que você.
Eu sou melhor que você mas por favor fique comigo que eu não tenho mais ninguém!

É melhor que você,
Mais ninguém é melhor que você.

Todo mundo acha que pode, acha que é pop, acha que é poeta.